terça-feira, 29 de junho de 2010

Cariocas e gaúchas usam anticoncepcional por mais tempo, diz Ibope

Cariocas e gaúchas usam anticoncepcional por mais tempo, diz Ibope

MARY PERSIA

da Reportagem Local



As mulheres de Porto Alegre e do Rio de Janeiro utilizam a pílula anticoncepcional por períodos maiores do que as brasileiras de outras capitais. A informação é da pesquisa Ibope encomendada pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) para o projeto R.O.S.A. (Resultados e Opiniões sobre Saúde e Anticoncepcionais).



Foram ouvidas 500 mulheres das classes A/B de cinco capitais (São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre) com idades entre 15 e 45 anos, usuárias de pílula (81%) ou que utilizaram o método nos 12 meses anteriores às entrevistas (19%), realizadas em maio do ano passado.






Os dados indicam que a maioria das gaúchas (56%) adeptas do anticoncepcional toma pílula há mais de dez anos. Entre as cariocas, o percentual é de 47%.



Para Nílson Roberto de Melo, presidente da Febrasgo, os números apontam a tendência de se usar a pílula por um tempo cada vez maior. "Hoje, a mulher está postergando a gravidez devido à vida profissional e está mais informada. Ela sabe dos benefícios extra-contraceptivos do método, como a redução do risco de câncer de ovário e de endométrio, a diminuição dos cistos e a melhora da pele e do ciclo menstrual", afirma o médico.



A evolução da pílula também a tornou mais aceitável. Cinquenta anos atrás, as primeiras gerações tinham até dez vezes mais estrogênio e cerca de 150 vezes mais derivado da progesterona do que os contraceptivos atuais. "Atualmente temos uma série de produtos com as mais variadas doses e componentes", diz Melo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u719615.shtml

Nas outras capitais pesquisadas o quadro se inverte: as "usuárias recentes" detêm os maiores percentuais. Em Belo Horizonte, 49% declararam fazer uso do método há menos de cinco anos. Em São Paulo, esse índice ficou em 45% e, em Recife, 39%.



A pesquisa mostrou ainda que 85% estão satisfeitas com o medicamento que usam, 86% pretendem continuar usando-o e 70% não têm intenção de mudar de método contraceptivo.



Vida sexual



O desejo sexual permanece inalterado para 72% das usuárias da pílula. Na opinião de 16%, o desejo diminui e, para 11%, aumenta. A vida sexual de um modo geral não sofre mudanças com a utilização do contraceptivo para a maioria (53%) das mulheres --38% disseram haver impacto positivo.



O projeto R.O.S.A. deve usar os dados para compor as ações de sua primeira fase, que foca na sexualidade e já promoveu encontros para ginecologistas. "É preciso educar os médicos em sexualidade, pois há essa lacuna na graduação e na pós-graduação tradicionais", considera Gérson Lopes, presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo. "Infelizmente, os medicos não abordam a sexualidade quando fazem a orientação contraceptiva."



Para o especialista, uma das consequências práticas desse aprendizado é levar também o homem ao consultório do ginecologista. "O casal tem de chegar a uma resolução conjunta sobre o método contraceptivo."

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