terça-feira, 20 de julho de 2010

De onde vem o fogo?

De onde vem o fogo?

Na Grécia Antiga, Heráclito (aproximadamente 500 a.C.) considerou o fogo como a substância fundamental do universo.
 
“Mas pode dizer-se que o fogo perde, na sua doutrina, todo o carácter corpóreo: é um princípio activo, inteligente e criador. ‘Este mundo, que é o mesmo para todos, não foi criado por qualquer dos deuses ou dos homens, mas foi sempre, é e será fogo eternamente vivo que com ordem regular se acende e com ordem regular se extingue’. A mudança é, por isso, uma saída do fogo ou um regresso ao fogo.

‘Todas as coisas se trocam pelo fogo e o fogo troca-se por todas, como o ouro se troca pelas mercadorias e as mercadorias pelo ouro”. (Diels . In: ABBAGNANO, 1999, p.33)
 
Já para Empédocles (490-430 a.C.), o fogo, juntamente com a água, o ar e a terra, era um dos quatro elementos que formavam o universo.

Aristóteles (384-322 a.C.) aceitava a teoria dos quatro elementos, acrescentando o éter. Para ele, o fogo busca o seu lugar natural: o céu e, por isso, sobe. Considerado um dos quatro elementos canônicos, o fogo agregava o quente e o seco.

Os gregos acreditavam que as substâncias inflamáveis continham o elemento fogo. Assim, durante a combustão, esse elemento era liberado.
 
A dominação do poder do fogo, por outro lado, também foi objeto de interesse dos renascentistas.

Muitos modelos foram propostos, baseados na utilização do vapor como fonte de potência mecânica.

O problema era o imenso poder do calor, perigoso de produzir e difícil de controlar. Um exemplo era a máquina térmica mais eficiente da época o canhão, que precisava de um cilindro de grossas paredes para conter a força produzida, usava uma substância caríssima, a pólvora, e funcionava intencionalmente ao contrário do que se esperaria de uma máquina térmica: a potência gerada era incontrolável e destrutiva – pelo menos do ponto de vista do inimigo. O imenso poder do fogo já era conhecido e admirado, mas precisava ser domado. (Quadros, 1996, p. 14)
 
Esse “domar“ o fogo, que neste caso pode ser traduzido por domar o calor, foi motivado especialmente por questões ligadas à mineração do carvão. A disseminação do uso de máquinas, nessa época, provocou grandes transformações sociais e tecnológicas, destaca-se, por exemplo, a substituição da energia humana e animal pela força dessas máquinas.

Ressalte-se, contudo, o uso do calor nesse processo.

Voltemos ao ato de “domar” o fogo ou o calor.

A idéia do fogo como um dos quatro elementos ainda estava presente no século das luzes, o século XVIII. Aceitando essa idéia, o químico George Ernest Stahl (1660-1734) elaborou uma teoria que explicava as reações químicas que ocorriam em presença do fogo. Para Stahl, uma espécie de espírito do fogo, o flogisto ou flogístico (do grego phlogistos, que significa queimando – ígneo, combustível), estava presente nas substâncias e era liberado quando essas eram aquecidas. O calor era então, juntamente com a luz, efeito  perceptível desse princípio do fogo.
 
Fonte: http://www.sxc.hu
 
O químico britânico Joseph Priestley (1733-1804), em 1774, aquecendo óxido de mercúrio, obteve um ar sem cor. Ele observou que esse ar tinha a propriedade de nutrir a chama de uma vela, fato já observado anteriormente por Robert Boyle (1627-1691) e Robert Hooke (1635-1703) no século anterior.

Ao deparar com o aumento do fogo na presença desse ar, Priestley chamou-o de ar deflogisticado, por acreditar que a ausência do flogisto no ar fazia com que certa quantidade de flogisto saísse com mais intensidade do fogo para ocupar o espaço vazio existente nesse ar. (Adaptado de: BRAGA, et.al., 2000) Agora, a partir da leitura acima, pense, discuta com seus colegas e responda: seria esse ar deflogisticado o mesmo ar da teoria dos quatro elementos? Justifique sua resposta.

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