quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Deslocamento de dunas

Deslocamento de dunas


No litoral do Nordeste, o ano apresenta duas estações climáticas bem definidas. O período chuvoso, marcado por ventos pouco intensos e baixa taxa de evaporação, atinge seu máximo entre março e abril, quando a zona de convergência intertropical (faixa chuvosa que se expande sobre o oceano Atlântico) está em sua posição mais ao sul. O período seco, com taxa de evaporação e velocidade do vento elevadas, tem seu máximo entre setembro e outu bro, quando a zona de convergência atinge sua posição mais ao norte. O volume de chuvas e a velocidade dos ventos são os fatores que mais influenciam o deslocamento das dunas no litoral do semiárido.

A duna desloca-se no período seco, quando há ventos fortes e umidade baixa, o que facilita o transporte da areia.

Na época chuvosa, com alta umidade, o movimento diminui ou até cessa. Nessa estação, o lençol freático aproxima-se da superfície, favorecendo o estabelecimento de uma vegetação típica na área traseira da duna. Quando a duna volta a se deslocar, na época seca, deixa para trás a marca de sua loca-lização na estação anterior: uma linha de vegetação. Estudos revelaram que a formação das linhas residuais e seu espaçamento a cada ano dependem da subida e descida do lençol freático. Infelizmente, alterações posteriores – a ação do vento e da água e o crescimento de outras plantas – podem, com o tempo, deformar as linhas residuais, encurtando a ‘validade’ desse indicador para poucas dezenas de anos. Isso impede seu uso para estudos sobre o clima local em tempos mais antigos, mas ainda permite que seja empregado para avaliar variações climáticas recentes.

Por exemplo, sabe-se há algum tempo que, após períodos do fenômeno El Niño (aumento da temperatura das águas do oceano Pacífico na costa da América do Sul), cai o volume de chuvas na região do oceano Atlântico equatorial.

Quanto mais intenso o El Niño, maior a redução pluviométrica. Por isso, testamos se nosso indicador ‘deslocamento de dunas’ respondia da mesma forma. Como previsto, quanto mais forte o El Niño, maior a distância entre linhas consecutivas deixadas pelas dunas.


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