quinta-feira, 29 de julho de 2010

As principais fontes de poluição da água: efluentes e fertilizantes

As principais fontes de poluição da água: efluentes e fertilizantes


Posted: 27 Jul 2010 11:49 AM PDT

Efluentes convencionais e fertilizantes podem não representar um risco tão grande de toxicidade como outros poluentes, mas mesmo assim ainda apresentam os seus perigos. Em pequenas quantidades, eles são dissolvidos naturalmente e não representam grande risco aos corpos de água, porém, quando a sua descarga é grande, a quantidade de oxigênio dissolvido na água pode decair, atingindo níveis críticos à vida aquática.

Isso acontece devido à presença de matéria orgânica nos esgotos. Quanto maior o volume desse material lançado em um corpo d’água, maior é o consumo de oxigênio usado na respiração das bactérias responsáveis pela sua decomposição. Os nutrientes, presentes nos fertilizantes e também nos efluentes, provocam o crescimento de algas que consomem o oxigênio, podendo provocar o sufocamento de outros seres aquáticos. (Veja mais em eutrofização).
 
http://www.docol.com.br/planetaagua/as-principais-fontes-de-poluicao-da-agua-efluentes-e-fertilizantes/

terça-feira, 27 de julho de 2010

Qualidade das praias


http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/mapa_praias/praias.asp

Pacto das Águas

Pacto das Águas

Secretaria do Meio Ambiente

As mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global estão na pauta dos grandes líderes de governos, das organizações ambientalistas e afeta a sociedade como um todo com a realização da 15ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP15, entre os dias 7 e 18 de dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

Durante a COP15, representantes de diversos países assumirão suas posições quanto à redução de emissões de gases de efeito estufa – GEE e poderão definir o futuro da economia mundial. O governo do Estado de São Paulo acompanhará as discussões e apresentará em Copenhague a Política Estadual de Mudanças Climáticas – PEMC que estabelece, entre outros pontos, a redução de 20% das emissões GEE até 2020.

Acompanhe o site e entenda melhor o que são as mudanças climáticas e as Conferências das Partes, leia na íntegra da PEMC, conheça a agenda do Governo do Estado de São Paulo em Copenhague, assista a entrevistas sobre temas relacionados às mudanças climáticas e veja um resumo das discussões da COP15.
 
 

BLOGAMBIENTE

quinta-feira, 22 de julho de 2010

História das medidas

Unidades de medidas

DNA – Darwin Não Atento?

DNA – Darwin Não Atento?
 
 
Darwin foi um dos maiores cientistas de todos os tempos.
 
Ele percebeu que variações ocorrem nas populações –  diferenças são encontradas entre os indivíduos da mesma espécie. Darwin também observou que essas diferenças podem passar à próxima geração (são herdadas).

A ciência trata de descobrir coisas novas e usar evidências para corroborar ou desmentir idéias sobre o undo natural.

Darwin ‘sabia o que ele não sabia’. Ele percebeu que as características tendem a passar de pai para filho, mas muitos anos passariam até que tivéssemos uma idéia mais clara sobre como isso acontece. Sabemos agora que a informação hereditária é passada na forma de DNA – que, é claro, não significa ‘‘Darwin Não Atento’, mas sim ácido desoxirribonucleico.

Esta atividade permitirá que você extraia DNA de uma planta como ervilha ou cebola. Você verá o que Darwin não viu.
 
Materiais
 
• ervilhas – cerca de 50g (podem ser congeladas, mas descongele-as primeiro)

• detergente líquido, 10cm³ (use um tipo aguado)

• sal de mesa, 3g

• água, 90cm³

• etanol (álcool) muito frio, 10cm³, direto do freezer (veja medidas de segurança)

• Novozymes neutrase (uma protease),

duas a três gotas

• gelo, em um jarro com água fria

• filtro de papel de café (não utilize filtro de laboratório)

• 1cm³ seringa de plástico (sem agulha)

• grande funil de plástico

• tubo de ensaio ou tubo plástico com gradação 2 beakers de 250cm³

• vara de vidro para mexer
 
 
Você vai extrair o DNA de células e uma planta.

Atividade


Talvez precise adaptar o método para trabalhar com plantas facilmente encontradas onde você mora. Talvez
precise ajustar os volumes das soluções, especialmente se não estiver usando material de vidro tradicional de
laboratórios.

Se usar material de plantas diferente de ervilhas ou cebolas, talvez precise alterar o método ajustando uma variável a cada vez para obter melhores resultados. Isso transformará a experiência em uma verdadeira investigação científica, pois ninguém poderá lhe dizer o que vai funcionar melhor para o material que você tem em mãos. Seu professor irá aconselhá-lo.
 
Preparação
 
O etanol usado deve estar gelado. Coloque-o em uma garrafa plástica no freezer por pelo menos 24 horas antes de começar a atividade. Por favor, leia as notas de segurança abaixo.
 
Duração
 
Leva cerca de 35 minutos para isolar  o DNA, incluindo um período de incubação de 15 minutos.
 
Segurança – etanol (álcool) no freezer

A maioria dos freezers não é à prova de fagulhas. Há casos de explosões quando vapores inflamáveis (ex: do etanol) se acumulam dentro de um freezer e são acesos por uma fagulha. Se seu freezer não for à prova de fagulhas, coloque o etanol em um recipiente plástico fechado a vácuo. Se não tiver acesso a um freezer, coloque gelo em um recipiente fechado e isolado, coloque a garrafa de álcool dentro dele por várias horas antes de usar.
 
 
Atividade


Dissolva o sal em 90cm3 de água.

Adicione o detergente e misture com cuidado.

Amasse as ervilhas com a vara de vidro ou uma colher. Adicione a polpa das ervilhas em um beaker com a solução salgada de detergente.

Deixe o beaker em banho-maria morno por exatamente 15 minutos.

Esfrie a mistura colocando o beaker em água gelada por cinco minutos, mexendo frequentemente.

Opcional: coloque a mistura em um liquidificador e bata por não mais que cinco segundos.

Filtre a mistura em um segundo beaker.

Certifique-se que a espuma por cima do líquido não contamine o filtrado.

Opcional: Adicione duas ou três gotas de protease a cerca de 10cm3 do extrato de ervilha em um tubo de ensaio e misture bem.

Com cuidado despeje o etanol gelado pelo lado do tubo de ensaio para formar uma camada por cima do extrato de ervilha.

Deixe o tubo repousar por alguns minutos. O ácido nucléico (DNA e RNA) precipitará sobre a camada superior (etanol).
 
Pontos para Discussão
 
 O DNA é encontrado dentro do núcleo  das células das plantas.  As plantas têm resistentes paredes celulares de celulose e membranas celulares feitas de lipídio (gorduras/óleos). Com seus colegas, discuta e explique como os estágios da atividade pretendiam:
 
quebrar a parede celular (dica: as paredes celulares são resistentes) quebrar as membranas celulares (dica: as membranas celulares são feitas de lipídios e eles não são solúveis em água, mas como graxa em um prato, podem ser removidos se misturados com outra substância).
 
 
O que você acha que permanece no  filtro de papel ou peneira depois de ter filtrado a sua mistura?
 
O DNA é a ‘receita da vida’ passada  de uma geração à próxima. Mudanças no DNA podem alterar a aparência das  criaturas vivas e levar a variações.

Descreva com suas próprias palavras o que você acha que Darwin ‘não sabia’, mas que o teria ajudado a explicar os mecanismos da evolução pela seleção natural.
 
Para garantir que o precipitado que você obteve realmente é DNA, você precisaria realizar alguns testes químicos.

Ao olhar para o longo nome do DNA, você consegue sugerir um tipo de teste químico que poderia ajudá-lo a decidir?
 
 
 www.britishcouncil.org.br

Desenhado pela natureza

Desenhado pela natureza

Os seres humanos em geral são bons em fazer coisas.

Hoje em dia, alguns designers usam softwares de design para desenvolver produtos tecnologicamente avançados.
Em todo o mundo, artesãos criam e utilizam objetos admirados amplamente, usando habilidades e materiais tradicionais. Em geral, esses designs começam com uma idéia ou um problema a ser resolvido, e isso produz um design que dá vida àquela idéia ou resolve o problema.

Muitas coisas na natureza parecem ter sido projetadas, mas será que foram? Na verdade, a natureza seleciona o melhor design, a partir de uma gama de opções possíveis. Na natureza, não há duas coisas que sejam exatamente iguais – todas têm algum tipo de variação.

Os indivíduos mais adequados ao seu ambiente sobrevivem e se reproduzem enquanto aqueles que não são adequados tendem a desaparecer. Assim, o ambiente ‘seleciona’ os melhores indivíduos. Já que as criaturas vivas podem produzir muitos descendentes, há muitas versões a partir das quais se fazer essa escolha.

Essas idéias estão resumidas na teoria da evolução pela seleção natural de Darwin:

• Quando indivíduos de uma população se reproduzem, a nova geração se assemelha aos pais.

• A semelhança entre as gerações é próxima, mas não perfeita, e assim cada geração inclui novas variações nas suas características.

• Há uma ligação entre algumas dessas novas variações e as chances de um indivíduo estar mais apto a sobreviver e se reproduzir.

Nesta atividade, você irá explorar como mudanças aleatórias, ou o acaso, podem levar a variações no design de um peixe.

Você também verá como essas variações aleatórias podem afetar as chances de sobrevivência desse peixe.

Materiais

• folha de atividades

• uma régua de 30cm

• um lápis

• um dado (você pode fazer seu próprio dado com o molde fornecido)

• centímetro quadriculado (verde) ou papel quadriculado

• tinta vermelha e verde ou canetinhas coloridas

• cola ou fita crepe (se for fazer seu próprio dado)

www.britishcouncil.org.br


Adaptação e sobrevivência

Adaptação e sobrevivência – o que é certo para o ambiente

A Terra é feita de vários ambientes diferentes.

Desertos, florestas, geleiras congeladas, oceanos, montanhas e rios são apenas alguns lugares onde é possível encontrar criaturas vivas.

Os animais parecem estar adaptados ao ambiente no qual vivem, assim um urso polar é protegido contra o frio e ao mesmo tempo camuflado na neve branca do Ártico. No mar, um tubarão tem um corpo cujo formato é aperfeiçoado, o que permite que se mova rapidamente pela água. Aves de rapina, como as águias, têm uma estrutura corporal e formato, e visão desenvolvida para ajudá-las a detectar e pegar suas presas enquanto mergulham das grandes alturas.

Se olharmos os animais à nossa volta, veremos como estão bem adaptados ao ambiente.

Atividade

  • Pense em um animal que vive perto da sua casa. É melhor escolher um animal selvagem e não um animal de estimação.

  • Escreva cinco adaptações que o seu animal fez no ambiente onde vive.

  • Como cada uma dessas adaptações ajuda o animal a sobreviver no seu ambiente?

  • Em pequenos grupos, examine as fotos dos animais que recebeu.

  • Decida que tipo de ambiente você esperaria que cada animal vivesse.

  • Para cada um, decida três coisas que você vê na fotografia (uma característica) que mostra como ele está adaptado ao seu ambiente.


A BIOLOGIA É UNA

A BIOLOGIA É UNA


A biologia é una. Quer quando estuda, em seus aspectos  mais abrangentes, os ecossistemas, as populações, os indivíduos ou os seus órgãos, quer quando enfoca os mecanismos,  em seus menores e mais complexos detalhes, em nível celular ou molecular, o biólogo está sempre voltado à compreensão de um único e mesmo fenômeno: a vida.

É fundamental, portanto, que a vida, em toda a sua riqueza e diversidade de manifestações, seja, também, o fenômeno a ocupar o centro das atenções do ensino de biologia, dandose prioridade aos seus aspectos integradores, em detrimento de conhecimentos muito específicos e descontextualizados.

Em grande parte, essa nova proposta de como ensinar a biologia está relacionada à própria mudança, ocorrida nas últimas décadas e no seio da própria disciplina, de seu conceito fundamental – a vida.

Se antes vida era caracterizada como substantivo, como “coisa”, a ser conhecida a partir do estudo de suas partes e em detalhes, hoje isso já não é mais possível. Integrados aos conhecimentos gerados pela física e pela química, os conhecimentos atuais da biologia impõem um novo conceito, em que a vida, enquanto fenômeno a ser investigado, passa a ser vista como verbo, como processo, como ação.

Ao professor, essa nova visão sobre a vida impõe também uma mudança de metodologia no ensino: além de dar importância aos componentes que caracterizam a vida (os seus constituintes químicos, as organelas, as células, os tecidos etc.), ele deverá, agora, preocupar-se também com os “comportamentos” desses constituintes da vida, buscando tornar evidente a seus alunos os processos mais amplos em que eles estão envolvidos.
 
Tendo em vista esse novo enfoque em relação à vida – e, portanto, em relação também à própria biologia – disciplinas, como a citologia, a histologia e a embriologia, antes tratadas de maneira isolada e estanque, devem passar a ser abordadas de maneira integrada, em vários momentos do curso e sob enfoques e níveis de aprofundamento também diferentes.

Sob o fio condutor da biodiversidade ou à luz da evolução, os conteúdos específicos dessas disciplinas, antes considerados árduos e se prestando apenas à memorização, devem agora adquirir novo significado para os alunos, uma vez que se tornam chaves para a resolução de problemas e a compreensão de processos importantes que envolvem, por exemplo, as interações entre os seres vivos e o ambiente.

Parte da riqueza de novas temáticas e novos contextos que passam a envolver a citologia, a histologia e a embriologia encontra-se representada nos textos a seguir, selecionados para compor uma das seções desse volume.
 
 
Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

De onde vem o fósforo?

De onde vem o espirro?

De onde vem o choro?

De onde vem o avião?

De onde vem o avião?

De onde vem o arco iris?

De onde vem o açúcar?

De onde vem a TV?

De onde vem a onda?

De onde vem a energia elétrica?

A dessalinização da água

A dessalinização da água


Posted: 22 Jul 2010 06:52 AM PDT

Com o comprometimento das bacias fluviais, estamos apostando cada vez mais na exploração dos aquíferos para obtermos água potável. Outro meio é a dessalinização de água marinha e subterrânea, que atenderia populações instaladas próximas ao mar e com ausência de outras fontes.

Quanto à primeira opção, é interessante notar que as maiores reservas encontram-se nas mesmas regiões em que estão os grandes rios, ou seja, no longo prazo elas também estarão contaminadas ou reduzidas indiretamente pelos mesmos fatores que afetam os rios.

A utilização da água salgada esbarra em duas barreiras. Uma é o custo do processo, que apesar de ter caído pelo menos 30% nos últimos 20 anos, ainda é por volta de 60% mais caro que tratar a água dos rios devido ao gasto com energia e outros materiais. A outra barreira é o impacto ambiental, pois a dessalinização deixa como resíduo um composto salino para o qual ainda não há reaproveitamento. Outro efeito colateral é que a maior disponibilidade de água doce em áreas antes secas ou “salgadas” altera todo o ecossistema afetando a sobrevivência da fauna e flora originais.

Portanto, a melhor alternativa continua sendo cuidar da saúde dos rios e usar pouca água. E infelizmente os países em desenvolvimento – inclusive o Brasil – estão muito longe de mostrar algum resultado efetivo nesta direção.
 
http://www.docol.com.br/planetaagua/a-dessalinizacao-da-agua/
 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Você já empuxou hoje?

Você já empuxou hoje?

Quem já entrou em uma piscina sabe que a sensação é sempre a mesma: parece que ficamos mais leves. Além disso, quem já se aventurou a mergulhar fundo na água, deve ter sentido o efeito da pressão que ela exerce. Parece que não, mas essas duas coisas estão intimamente ligadas.

Todos os líquidos exercem força nos objetos em contato com ele. Essa força existe devido à pressão e se distribui ao longo de toda a superfície de contato. É isso que faz os objetos flutuarem ou parecerem mais leves dentro da água.

Uma balsa flutua porque, devido à pressão, a água lhe aplica forças para cima, distribuídas ao longo de toda sua superfície inferior. O resultado dessas forças equilíbra a força da gravidade e é chamado de empuxo hidrostático.
 
Quando o objeto está totalmente imerso na água, também sofre um empuxo. A água continua exercendo pressão sobre o corpo, só que agora em todas as direções, pois ele está totalmente imerso. A pressão embaixo do corpo é maior do que a pressão em cima, pois sua parte inferior está num ponto mais profundo. Um submarino, por exemplo, sofre mais pressão na parte de baixo do casco do que na de cima, pois sua parte inferior está mais fundo na água.
 
Mas se todos os objetos na água sofrem empuxo, porque alguns flutuam e outros não?
 
 
Se o objeto flutua na água é porque o empuxo consegue vencer seu peso. Se afunda é porque que o peso é maior do que o empuxo.

Mas nem sempre os objetos pesados tendem a afundar mais do que os leves: um navio flutua, enquanto um prego afunda. A flutuação depende do formato do objeto e do material de que ele é feito. Objetos feitos apenas de isopor flutuam na água, enquanto objetos de ferro podem afundar (prego) ou não (navio), dependendo do seu formato.

Mas o que significa ser mais leve ou mais pesado do que a água? Uma grande quantidade de isopor, certamente irá pesar mais do que uma gota d'água. Na comparação devemos usar volumes iguais de água e de isopor. Essa é a idéia de massa específica ou densidade: qual é a massa de um certo volume do material. Um litro de água tem 1000 gramas, e um litro de  isopor, apenas 10 gramas. A densidade é  importante para saber se um objeto flutua ou não em determinado líquido.

O formato também influi na flutuação de um objeto, por que está ligado à quantidade de água que ele desloca. Um corpo volumoso desloca muito mais água do que um corpo pequeno.

Se você possui uma certa quantidade de massa de vidro, pode moldar um objeto que flutue.

Como a massa de vidro tem uma densidade maior que a água, ela pode afundar ou flutuar, dependendo do seu formato. Uma bolinha, será um objeto pouco volumoso, que deslocará pouca água e portanto irá afundar. Mas se você fizer um objeto no formato de uma caixinha oca ele poderá flutuar, pois irá deslocar mais água, e portanto sofrerá um empuxo maior quando colocado na água. Tente!



  http://www.if.usp.br/gref/
 
 
 
 

Detergente: use com moderação!

Detergente: use com moderação!

Onde estão as forças?

Onde estão as forças?

As formas pelas quais os objetos interagem uns com os outros são muito variadas. A interação das asas de um pássaro com o ar, que permite o vôo, por exemplo, é diferente da interação entre uma raquete e uma bolinha de pingue-pongue, da interação entre uma lixa e uma parede ou entre um ímã e um alfinete.

Isaac Newton, o famoso físico inglês do século XVIII, conseguiu elaborar leis que permitem lidar com toda essa variedade, descrevendo essas interações como forças que agem entre os objetos. Cada interação representa uma força diferente, que depende das diferentes condições em que os objetos interagem. Mas todas obedecem aos mesmos princípios elaborados por Newton, e que ficaram conhecidos como Leis de Newton.

Para compreender melhor essa variedade de interações é que apresentamos a cena da página anterior. Agora vamos dar um "zoom" em alguns detalhes para observar mais de perto alguns exemplos dessas interações.
 
 
Gravidade
 
As coisas caem porque são atraídas pela Terra. Há uma força que "puxa" cada objeto para baixo e que também é responsável por manter a atmosfera sobre a Terra e também por deixar a Lua e os satélites artificiais em órbita. É a chamada força gravitacional. Essa força representa uma interação existente entre a Terra e os objetos que estão sobre ela.
 
Sustentação
 
Para que as coisas não caiam é preciso segurá-las. Para levar a prancha o garotão faz força para cima. Da mesma forma, a cadeira sustenta a moça, enquanto ela toma sol.

Em cada um desses casos, há duas forças opostas: a força da gravidade, que puxa a moça e a prancha para baixo, e uma força para cima, de sustentação, que a mão do surfista faz na prancha e a cadeira faz na moça. Em geral, ela é conhecida como força normal.
 
Na água
 
A água também pode sustentar coisas, impedindo que elas afundem. Essa interação da água com os objetos se dá no sentido oposto ao da gravidade e é medida através de uma força que chamamos de empuxo hidrostático. É por isso que nos setimos mais "leves" quando estamos dentro da água. O que sustenta balões no ar também é uma força de empuxo, igual à que observamos na água.
 
 
No ar
 
Para se segurar no ar o pássaro bate asas e consegue com que o ar exerça uma força para cima, suficientemente grande para vencer a força da gravidade. Da mesma forma, o movimento dos aviões e o formato especial de suas asas acaba por criar uma força de sustentação.

Essas forças também podem ser chamadas de empuxo. Porém, trata-se de um empuxo dinâmico, ou seja, que depende de um movimento para existir. As forças de empuxo estático que observamos na água ou no caso de balões, não dependem de um movimento para surgir.
 
Atritos
 
Coisas que se raspam ou se esfregam estão em atrito umas com as outras. Esse atrito também representa uma interação entre os objetos. Quando você desliza a mão sobre a pele da pessoa amada, está exercendo
sobre ela uma força de atrito.

De um modo geral, as forças de atrito se opõem aos movimentos. Ou seja, seu sentido é oposto ao sentido do movimento. É isso que permite que um carro freie e pare: a força de atrito entre o disco e a pastilha dos freios e o atrito entre o pneu e o chão.

As forças de atrito são também as responsáveis pela locomoção em terra. Quando empurramos a Terra para trás para ir para a frente, estamos interagindo através do atrito entre os pés e o chão.
 
Resistências
 
Em que difere o andar desses dois cavalheiros? Bem, ambos empurram o chão para trás para poderem ir para a frente. interagem através da força de atrito.

Porém, este senhor que caminha na água encontra uma dificuldade maior por que a água lhe dificulta o movimento. Esse tipo de interação se representa através do que chamamos de força de resistência. Como o atrito, a força de resistência é oposta ao sentido do movimento.


A força de resistência também surge nos movimentos no ar. É isso que permite a existência dos pára-quedas.
 
 
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Força e direção

Força e direção


Para mudar a direção de um movimento, como já dissemos, é preciso uma força. Porém, não uma força qualquer. Para que o movimento mude de direção a força dever ser aplicada em uma direção diferente da direção do movimento. É isso que acontece quando um motorista vira a direção do seu carro (já sei, já sei, escrevi muita direção em um parágrafo só ...)
 
 
Forças aplicadas em direções diferentes da do movimento, mudam a direção do movimento.
 
 
 
Em outras palavras, se um carro está indo para a frente e quer virar à esquerda, é preciso que a força seja aplicada como mostra a figura. Neste caso, a força representa uma interação entre os pneus e o asfalto: o pneu força o asfalto para lá e o asfalto força os pneus (e o carro) para cá.

Portanto, movimentos curvos só ocorrem quando há uma força agindo em uma direção diferente do movimento.

Quando você gira uma pedra presa a um barbante, a pedra está sendo forçada pelo barbante para "dentro",
mantendo-o em um movimento circular. Se o barbante se rompe, a pedra segue em frente de onde foi solta.
 
Para onde a pedra vai se o menino soltá-la deste ponto?
 
 
Por trás de todos estes exemplos estão as leis do movimento, conhecidas como "Leis de Newton". Conhecendo estas leis e as várias interações podemos prever os movimentos e as condições para que os objetos fiquem em equilíbrio. Os  sistemas de controle de movimento que acabamos de discutir obedecem às Leis de Newton e são projetados para  funcionarem corretamente de acordo com as interações a que estão sujeitos. Nas próximas leituras estaremos  aprofundando o estudo das Leis de Newton e das várias interações que acabamos de apresentar. Que tal dar uma lida  nos enunciados das três Leis de Newton, apresentados abaixo e tentar explicar com suas próprias palavras o que você  consegue entender. Esses enunciados estão escritos da forma como Newton os redigiu em seu livro Princípios Matemáticos  da Filosofia Natural.

 
1ª Lei:

Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento em uma linha reta, a menos que ele seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas a ele.


 
2ª Lei:

A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida.


 
3ª Lei:

A toda ação há sempre oposta uma reação igual, ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.
 
 
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Helicópteros

Helicópteros


O primeiro projeto de um veículo semelhante a um helicóptero, uma "hélice voadora", data da Renascença e foi elaborado pelo artista e cientista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519).

Entretanto, somente no início do século XX foi desenvolvida a tecnologia necessária para fazer um aparelho como este realmente voar.

O helicóptero, da forma como o conhecemos hoje, só levantou vôo em 1936. Um primeiro modelo,de 1907, possuia apenas uma hélice e decolava sem problemas atingindo alturas de aproximadamente 2 metros. Porém, logo após a decolagem: quando se tentava variar a velocidade de rotação da hélice, para atingir alturas maiores, o corpo do helicóptero girava sentido contrário da hélice, desgovernando-se.
 
Por que isto não ocorria quando o helicóptero estava no chão? Como contornar este problema?

A solução encontrada foi prolongar o corpo do helicóptero na forma de uma cauda e colocar nela, lateralmente, uma segunda hélice A função desta hélice lateral é produzir uma força capaz de compensar o giro do corpo do helicóptero, proporcionando assim a estabilidade do aparelho.

Quando o veículo estava no solo esse problema não era percebido porque o aparelho estava fixo ao chão. Ao ligar-se o motor, a aeronave sofria uma torção no sentido oposto que era transferida à Terra por meio das rodas. Dessa forma, devido à elevada massa da Terra, não se notava qualquer movimento.

Mais tarde, modelos bem maiores com duas hélices girando na horizontal foram projetados para transporte de cargas geralmente em operações militares . Nesse caso, cada hélice deve girar em um sentido diferente para impedir a rotação Um bailarino ao executar um rodopio impulsiona o chão em sentido oposto ao do seu giro. Após iniciar esse movimento de rotação, ele pode aumentar sua velocidade de giro sem a necessidade de um novo impulso, simplesmente aproximando os braços do corpo.
 
Na modalidade de ginástica conhecida como salto sobre  o cavalo o atleta precisa encolher o corpo para realizar o salto mortal (giro para a frente). Com isso, ele consegue aumentar sua velocidade de giro durante o vôo sem precisar receber um novo impulso. Já em um salto estilo peixe, onde não há o rodopio, a pessoa deve manter seu corpo esticado, para dificultar o giro.
 
Esses dois exemplos parecem desobedecer à  conservação da quantidade de movimento angular. Afinal, de onde vem esse movimento a mais que eles receberam?

 
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Quem "pesou" a Terra?

Quem "pesou" a Terra?


Ninguém pode ter "pesado" a Terra simplesmente porque a Terra não tem um peso. Você saberá mais sobre isso quando estudarmos a gravidade mais adiante.

Mas a Terra tem massa, muita massa. Como conseguiram determinar o valor dessa massa?

Isso tem a ver com a gravidade da Terra. A Terra puxa os objetos para baixo com uma determinada força, e que já levou um tombo sabe dizer que é uma força e tanto.

Pois bem, outros planetas também puxam os objetos para baixo, mas com forças diferentes, dependendo do seu tamanho e da sua massa.

Se você sabe o tamanho de um planeta ou outro astro e a força com que ele puxa os objetos você consegue encontrar sua massa.

A Lua, por exemplo é menor e atrai os objetos com uma força 6 vezes menor que a Terra e sua massa é também muito menor que a da Terra.

Foi o cientista inglês Isaac Newton, que no século XVIII encontrou essa relação entre gravidade e massa. Essa relação, entretanto dependia da medida de um certo valor chamado Constante de Gravitação Universal, que foi determinado em uma experiência idealizada por um outro físico inglês Henry Cavendish em 1798. Com o valor dessa Constante determinou-se a massa da Terra e de outros astros.


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UNIDADES DE MEDIDAS

Na Física e na vida é sempre necessário se preocupar com as unidades em que as quantidades são medidas. Massas podem ser medidas em gramas, quilogramas e toneladas. Tempo, em segundos, horas, séculos e outras. E distâncias e tamanhos são medidas em muitas unidades, das quais as mais usadas no Brasil são o milímetro, o centímetro, o metro e o quilômetro.

Quando fazemos cálculos, as unidades se misturam. Velocidades, por exemplo, misturam distâncias e tempos: quilômetros por hora ou metros por segundo. A quantidade de movimento mistura três unidades: a de massa, a de distância e a de tempo.

Em outros países, unidades "estranhas" como milhas, pés e polegadas são usadas para medir distâncias. Também são usadas outras unidades para a medida de massas e outras quantidades importantes do dia a dia. Internacionalmente, ficou definido que as unidades METRO, SEGUNDO e QUILOGRAMA, seriam usadas como padrão. Elas são chamadas unidades do Sistema Internacional, ou unidades do SI. Veja a seguir um exemplo de unidades de medida diferentes, e seu valor em unidades do SI.
 
 
 
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Grandes desastres da história

Grandes desastres da história


Em 1975, o francês Pierre Carrefour, 23 anos, corria perigosamente com seu carrinho de supermercado vazio com uma quantidade de movimento de 500unidades. Ao distrair-se, olhando para Sabrine Bon Marché, 19 anos, largou seu carrinho, que atingiu dois outros carrinhos vazios enfileirados logo adiante. Com o choque, o carrinho da frente ficou com 410 unidades de quantidade de movimento, enquanto o carrinho do meio adquiriu 60 unidades.

O que aconteceu ao carrinho lançado por Pierre? Por quê?

1975 O terrível acidente de Pierre e Sabrine 1977 A fantástica batida no parque John Play Center dirigia seu carrinho elétrico em um parque de diversões em Massachussets, numa tarde morna de 1977, com uma quantidade de movimento de 3000 unidades. De repente, Camila Park entra em sua frente em seu veículo com 1000 unidades de quantidade de movimento, movendo-se no mesmo sentido. O carro de Play Center chocou-se em cheio atrás do carro de Park, que ficou com 2500 unidades de quantidade de movimento.

O que aconteceu ao carrinho de Play Center: parou, voltou ou continuou em frente?



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Coisas que realmente parecem não se mover sozinhas

Coisas que realmente parecem não se mover sozinhas


Pois é. Parece que para se mover, um objeto sempre depende de outro. Mas há situações nas quais isso fica
ainda mais evidente: uma bola de futebol não se move sozinha: seu movimento depende do chute pelo jogador.

Da mesma forma, um barco a vela depende do vento para obter movimento.

Em ambos os casos, um movimento que já existia anteriormente (no pé e no vento) parece estar sendo parcialmente transmitido para um outro corpo (a bola e o barco).

Essa transmissão de movimento é mais visível em um jogo de bilhar ou sinuca, quando uma bola, ao atingir outra em cheio, perde boa parte de seu movimento, enquanto a bola atingida passa a se mover. Parece que o movimento que estava na primeira bola foi transferido para a segunda.
O mesmo acontece quando uma onda atinge uma prancha de surf, cedendo a ela parte de seu movimento, dando ao brother a devida diversão.

Em todos esses exemplos, um corpo sem motor ou alguma outra fonte de propulsão própria, obtém seu movimento de um outro que já se movia antes, retirando-lhe parte de seu movimento.


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Física

Desde que você nasceu começou a aprender uma infinidade de coisas: segurar a mamadeira, derrubar os brinquedos do berço, destruir os enfeites da casa ... Pode parecer que não, mas essas atividades tão edificantes eram o início do seu aprendizado de física.
 
Com o tempo, você passou a executar tarefas mais complicadas, tais como atravessar uma rua movimentada, tomar sopa, enfiar linha na agulha e quem sabe até andar na corda bamba ...
 
E assim sua mente teve que construir uma verdadeira física prática. Você faz uso dessa "física" quando joga bola, anda de bicicleta, aperta um parafuso: são coisas ligadas a uma parte da física chamada Mecânica. Da mesma maneira, coisas ligadas à sua visão fazem parte de um ramo chamado Óptica, enquanto a sensação de frio e calor faz parte da Física Térmica. O Eletromagnetismo é uma outra parte da física que está relacionada ao uso de aparelhos elétricos em geral. Vamos discutir um pouco mais cada uma delas:
 
Mecânica
 
Tudo o que envolve movimento, força e equilíbrio relaciona-se à Mecânica.Estão ligadas à ela, entre outras, as atividades de pedreiros, marceneiros e motoristas. Ela também está presente nas máquinas e ferramentas, no treinamento esportivo, nas construções e em muitas outras coisas.
 
Física Térmica
 
Coisas que estão ligadas ao calor e à temperatura, como um fogão, uma geladeira ou um automóvel estão relacionados à Física Térmica. Um cozinheiro, um padeiro, um técnico de refrigeração e um mecânico têm muito contato com essa parte da física.
 
Óptica
 
A Óptica estuda os fenômenos luminosos. Faz parte dela o estudo de lentes e instrumentos ópticos, das cores, da fotografia e muitas outras coisas. Vitrinistas, oculistas, pintores são exemplos de pessoas que lidam
diretamente com a Óptica.
 
Eletromagnetismo
 
De aparelhos elétricos e eletrônicos até os raios que ocorrem em tempestades, é difícil imaginar uma atividade hoje em dia que não envolva o Eletromagnestismo. Em qualquer lugar as pessoas convivem com aparelhos elétricos e precisam aprender a usá-los. Eletricistas e técnicos de rádio e TV, estão entre os profissionais que necessitam de um maior conhecimento dessa área.
 
Se você procurar no dicionário a palavra Mecânica encontrará a seguinte definição:

Mecânica. [Do gr. mechaniké,' a arte de construir uma máquina', pelo lat. mechanica.] S. f. 1. Ciência que investiga os movimentos e as forças que os provocam. 2. Obra, atividade ou teoria que trata de tal ciência: a
mecânica de Laplace. 3. O conjunto das leis do movimento. 4. Estrutura e funcionamento orgânicos; mecanismo: a mecânica do aparelho digestivo; a mecânica do relógio. 5. Aplicação prática dos princípios de uma arte ou ciência. 6. Tratado ou compêndio de mecânica. 7. Exemplar de um desses tratados ou compêndios. 8. Fig. Combinação de meios, de recursos; mecanismo: a mecânica política.
 
Pela definição do dicionário, percebemos que Mecânica pode ser muita coisa. E realmente é. Na figura que abre este capítulo, podemos visualizar muitas coisas e situações ligadas a essa parte da física. Da mesma forma, se pensarmos nas coisas que você usa, faz ou conhece também encontraremos muitas outras ligações com a Mecânica.
 
 
Tente lembrar de coisas ou situações que você conhece e que estão relacionadas à Mecânica
 
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terça-feira, 20 de julho de 2010

Autismo

Autismo

Ainda um enigma

Há mais de 70 anos cientistas de todo o mundo se dedicam a estudar aquela que é uma das mais enigmáticas desordens neurológicas:


o autismo. Embora muitos avanços tenham sido feitos na área clínica, os mecanismos moleculares, genéticos e neurobiológicos desse distúrbio permanecem em grande parte desconhecidos.

Novos estudos, entretanto, parecem dar esperança para se recomendar tratamentos e medicamentos mais eficazes em um futuro próximo.

Isabela Fraga

Ciência Hoje/RJ
 
 
  Ele vive no seu próprio mundo.” A frase é bastante utilizada  para descrever de forma leviana pessoas distraídas, que dão pouca atenção ao que acontece ao seu redor. As mesmas palavras, entretanto, ganham um significado muito mais enfático quando se referem a um portador de autismo – uma desordem neurológica manifestada por uma tríade de sintomas: déficit de interação social, dificuldade de linguagem e comportamento repetitivo.

A imagem clássica da pessoa autista – reproduzida em filmes, livros e seriados de televisão – é a de um indivíduo indiferente ao ambiente que o cerca, balançando para frente e para trás, sem olhar nos olhos de ninguém, conversar ou demonstrar interesse por qualquer assunto. Como todos os estereótipos, essa representação do autismo não pode ser encarada como verdade absoluta.

Afinal, o autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo. Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer. E é justamente por abarcar uma infinidade de comportamentos e sintomas secundários  que médicos e cientistas preferem classificar o distúrbio, de maneira mais geral, como desordens do espectro autista (ASD, na sigla em inglês).

Como um dos principais sintomas do autismo é a dificuldade de interação social e de comunicação, torna-se um duplo desafio para pais, médicos, neurologistas, psicólogos e psiquiatras diagnosticar e tratar crianças que apresentam esse comportamento. Não receber resposta a perguntas simples como ‘o que há de errado?’ e não conseguir estabelecer conexão com o filho ou paciente são situações cotidianas para pessoas
que lidam de perto com o autismo. “É uma charada difícil de ser desvendada, e por isso decepcionante e frustrante”, comenta o neuropediatra Leonardo deAzevedo, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz), no Rio de Janeiro.

DeAzevedo realiza estudos clínicos sobre o autismo, em especial sobre a relação entre o distúrbio e o sistema imunológico do seu portador.

Além dele, outros pesquisadores e médicos do Laboratório de Neurobiologia e Neurofisiologia Clínica do setor de Neurologia do instituto têm as desordens do espectro autista como objeto de estudo, como é o caso do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Adailton Pontes, mais voltados para a neurofisiologia da desordem.
 
Diagnóstico: quanto antes, melhor

O documentário O nome dela é Sabine, dirigido pela atriz francesa Sandrine Bonnaire, apresenta bem alguns aspectos da vida de uma pessoa portadora de autismo. No filme, a diretora focaliza sua irmã, Sabine, portadora de um tipo de autismo que não é explicitado ao longo do documentário. Ela tem olhar vago, está acima do peso, não estabelece contato visual, repete a mesma pergunta várias vezes, não mantém uma conversa por muito tempo e tem surtos ocasionais de violência.

Sobre essa imagem triste da irmã, a diretora contrapõe trechos de filmes caseiros antigos, nos quais Sabine está completamente diferente. Mais magra, ela parece demonstrar mais domínio sobre seu corpo, conversa com a irmã com muito mais facilidade, dança e ri. A diferença entre essas duas Sabines é enorme, e logo o espectador compreende: por falta de diagnóstico e tratamento adequados, Sabine acabou por ser internada num hospital psiquiátrico, onde permaneceu por cinco anos. O filme parece ser um mea culpa de Sandrine em relação à piora drástica da irmã.

Episódios como esse, no entanto, em que uma criança portadora de autismo é erroneamente diagnosticada e, por isso, não passa por tratamentos adequados, não são raros, mesmo hoje em dia. No Brasil, por exemplo, ainda há muitos casos de diagnóstico tardio. A dificuldade, por parte dos pais, de perceber os sintomas em seus filhos ainda bebês, juntamente com o desconhecimento em relação ao distúrbio, fazem com que a criança seja apontada como autista somente quando está mais velha.

Esse cenário está longe do ideal. É de consenso geral entre os cientistas: quanto antes for feito o diagnóstico do autismo, mais fácil e eficiente é o tratamento e, consequentemente, também a melhora. Para o médico Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o ideal é que o diagnóstico seja feito quando a criança tem entre um ano e meio e dois anos. “O mais comum, no entanto, é a partir dos três anos de idade”, afirma.

Por apresentar diversos sintomas e níveis, o próprio diagnóstico para a desordem do espectro autista é bastante individualizado e subjetivo. Segundo Vadasz, a observação

é a base para que se aponte se uma criança tem ou não autismo. “Observamos as três áreas mais afetadas pelas desordens autistas: a comunicação e a linguagem, a socialização; e os comportamentos repetitivos e interesses circunscritos”, explica o médico, acrescentando que não há um exame médico específico para o diagnóstico do autismo.

No Brasil, não há uma estimativa oficial do governo de casos de autismo na população e, para fins estatísticos, utilizam-se dados extrapolados de instituições estrangeiras, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Segundo um relatório de 2006 desse  instituto, uma em cada 110 crianças é portadora de uma desordem do espectro autista. O número parece alto, mas os critérios do instituto provavelmente englobam muitos níveis de autismo, inclusive os mais leves.

Os vários autismos

De maneira geral, as desordens de espectro autista, que englobam uma grande variedade de comportamentos e problemas sob o ponto de vista clínico, podem ser divididas em três ‘tipos’. Obviamente, essa divisão é artificial e abarca em si outras muitas pequenas variações.

1) Síndrome de Asperger. Descrita pela primeira vez pelo pediatra austríaco Hans Asperger (1906-1980), é considerada uma forma de autismo mais branda. Seus portadores apresentam os três sintomas básicos (dificuldade de interação social, de comunicação e comportamentos repetitivos), mas suas capacidades cognitivas e de linguagem são relativamente preservadas. Na verdade, alguns até mesmo apresentam níveis de QI acima da média, motivo pelo qual a criança portadora da síndrome de Asperger é comumente representada como um pequeno gênio que descobre códigos e resolve enigmas. Os portadores dessa síndrome representam cerca de 20% a 30% dos pacientes de desordens do espectro autista.

2) Autismo ‘clássico’. É o tipo descrito pelo médico austríaco radicado nos Estados Unidos Leo Kanner (1894-1981). Kanner foi o primeiro a utilizar a nomenclatura “autismo infantil precoce”, em um relatório de 1943, no qual descrevia 11 crianças com comportamentos muito semelhantes. O médico utilizou expressões como ‘solidão autística’ e ‘insistência na mesmice, que hoje são sintomas ainda tipicamente encontrados em pessoas autistas. Os portadores desse ‘autismo clássico’ têm comprometimento das capacidades cognitivas que varia de moderado a grave, além da dificuldade de interação social e comunicação e do comportamento repetitivo.

3) Autistas do tipo regressivo. Essa variação no espectro de desordens autistas inclui aqueles que se desenvolvem normalmente até aproximadamente 1 ano e meio, e em seguida, até os 3 anos, sofrem regressão da linguagem e do comportamento, tornando-se autistas.

A força da genética

Desde que o autismo foi descrito pela primeira vez, em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, um sem-número de estudos já foi feito sobre a desordem, mas ela ainda é considerada uma das mais enigmáticas da ciência. Muitas hipóteses e teorias foram levantadas para explicá-la, e um número igual delas já foi derrubado. Chegou-se a dizer, por exemplo, que vacinas poderiam causar intoxicação que le  varia ao autismo; que determinados alimentos causariam o distúrbio; e até mesmo que a mãe era culpada pelo surgimento dos sintomas no filho.

“Não há comprovação de nenhum fator ambiental no surgimento do autismo”, afirma o neurofisiologista Vladimir Lazarev, do Instituto Fernandes Figueira (IFF). Juntamente com o médico Adailton Pontes, também do IFF, Lazarev tem conduzido estudos sobre o perfil neurofisiológico de crianças portadoras de autismo (ver ‘Em busca do diagnóstico preciso’, em CH no 224).

Fora do Brasil, a ideia geral é também que, “além de processos genéticos, não se conhecem outras possíveis causas cientificamente viáveis para o autismo”, nas palavras do psicólogo Ami Klin, coordenador do Programa de Autismo da Universidade de Yale (Estados Unidos). O desconhecimento de influências do ambiente, no entanto, não significa que elas não existam.

Os processos genéticos aos quais Klin se refere são, na verdade, mutações genéticas – ou seja, microdeleções, inversões ou duplicações de determinados genes – que se descobriu ter relação com o autismo. “Os fatores genéticos respondem por mais de 90% das causas para o autismo”, explica o neuropediatra Leonardo deAzevedo. Os outros possíveis fatores não são conhecidos, e podem ser, por exemplo, resultado de problemas durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose e acidentes.

Não há apenas um gene relacionado ao distúrbio, mas vários, o que dificulta o trabalho dos cientistas. “O envolvimento de múltiplos genes pode responder por mais de 90% dos casos de propensão para o autismo”, explica deAzevedo.

Esse mapeamento, embora impreciso, é importante, pois possibilita a elaboração de possíveis tratamentos ou medicamentos que suprimam as faltas ou estabilizem os excessos causados pelas mutações genéticas.

Entre os genes-candidatos, estão dois responsáveis pelo metabolismo da serotonina, um neurotransmissor que tem papel na regulação do sono, do apetite e da produção de hormônios. Outra possibilidade é o gene RELN, codificador de uma proteína extracelular que coordena a migração de neurônios durante o desenvolvimento do cérebro. Essa proteína, chamada de relina, tem papel importante no desenvolvimento do córtex cerebral, do hipocampo e do cerebelo – estruturas nas quais já foram identificadas anormalidades em pessoas autistas.

No Brasil, a pesquisa genética também tem bons prognósticos. O laboratório coordenado por Vadasz no Hospital das Clínicas de São Paulo tem, além de uma área de diagnóstico e tratamento para distúrbios do espectro autista, um projeto de pesquisa voltado para a identificação de genes-candidatos à desordem e estudos com células-tronco. Vadasz é otimista. Para ele, em cinco ou 10 anos, será possível realizar intervenções terapêuticas.

“A ideia é tirar células-tronco dos dentes de leite de crianças autistas, colocá-las em cultura e, com o tempo, diferenciar essas células em neurônios”, explica. Em seguida, os cientistas tentarão introduzir esses neurônios no sistema nervoso para suprir algumas falhas no processamento  cerebral, numa técnica chamada de ‘reengenharia dos neurônios’.
 
O xitocina: o ‘hormônio do amor’?

Entre todos os genes-candidatos, a descoberta de um deles tem gerado efeitos práticos mais concretos. Trata-se do gene responsável pelo controle da produção da oxitocina, um hormônio relacionado ao sistema reprodutor feminino, que é produzido no hipotálamo. Apelidada de ‘hormônio do amor’ e ‘hormônio da confiança’ graças ao seu papel nas relações interpessoais e nos comportamentos afetivos, a oxitocina tem sido analisada em vários países por seu potencial de tratamento de alguns comportamentos autistas, como a ausência de contato visual e a dificuldade de relação com outras pessoas.

“Alguns estudos já comprovaram que pessoas com algum tipo de desordem do espectro autista têm menos oxitocina no sangue periférico”, explica deAzevedo. Em experimentação em roedores, percebeu-se que a proteína CD38 regula a secreção de oxitocina. Nos roedores em que falta a proteína CD38, os níveis de oxitocina no sangue são baixos.

Foi a partir dessa constatação que instituições do mundo todo têm realizado testes que analisam os efeitos da inalação de oxitocina em pacientes autistas sob a forma de spray nasal. Um desses estudos, publicado na revista norte-americana PNAS, foi coordenado pela neurocientista francesa Elissar Andari, do Instituto Nacional de Pesquisas Científicas da França.

Andari e seus colegas conduziram um estudo com 13 pessoas portadoras de autismo de alto desempenho – aqueles que têm suas capacidades cognitivas preservadas.

Em um jogo no qual deveriam jogar uma bola e recebê-la de volta de três outros jogadores fictícios, os cientistas analisaram a interação das crianças em relação aos outros jogadores, que eram divididos entre bons, ruins e neutros. Aquelas portadoras de autismo não diferenciavam quais jogadores tinham melhor desempenho.

No entanto, após a inalação de oxitocina, esses pacientes percebiam a diferença e interagiam mais com o jogador ‘bom’, lançando uma quantidade maior de bolas para ele.

“Diz-se que a oxitocina causa melhora em alguns comportamentos autistas essenciais, como o engajamento social, mas isso ainda não é comprovado totalmente”, opina Klin. No entanto, dados os excelentes resultados em estudos como o de Andari, a expectativa é que futuramente se poderá tratar o autismo com oxitocina.
 
No Brasil, o grupo de Azevedo, em colaboração com a professora Vivian Rumjanek, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está estudando o comportamento dessa  proteína nas crianças autistas. Já no Hospital das Clínicas, em São Paulo, o tratamento com a oxitocina é feito por meio do contato com cães. Vadasz, coordenador do programa que realiza o tratamento, explica essa relação um tanto surpreendente: “Estudos já demonstraram que, quando temos algum contato com cães, nosso cérebro produz oxitocina”. Nos Estados Unidos, a chamada terapia assistida por cães (TAC) tem apresentado bons resultados.

Enquanto ela não vem...

Os tratamentos

A oxitocina ainda está em fase de testes para o tratamento de sintomas do autismo. Por enquanto, o tratamento para o distúrbio passa por várias áreas médicas, e o grau de efetividade depende da idade em que é iniciado. A cura, entretanto, ainda não está num horizonte próximo. “Não sabemos de uma causa específica para o autismo e, até que isso seja conhecido, será difícil falar de cura”, explica Klin. “No entanto, há tratamentos comportamentais bastante efetivos que podem ajudar crianças e adultos a superar suas dificuldades.” Para ele, o objetivo com esses tratamentos – em sua maior parte sem a utilização de medicamentos – não é curar, mas ajudar os portadores dessa desordem no seu relacionamento com outros.

É difícil precisar um tipo específico de tratamento para desordens do espectro autista, primeiramente porque elas são muitas e bastante variáveis. Há crianças autistas que simplesmente não falam; outras que repetem a mesma frase fora de contexto muitas vezes; há aquelas que não demonstram interesse por absolutamente nada, e outras que escolhem um assunto específico para se aprofundar.

O espectro é, de fato, bastante amplo. Por isso, tanto psicanalistas como outros médicos e pediatras concordam que o melhor é um tratamento individualizado, de acordo com as limitações apresentadas por cada pessoa.

Autora do livro Do silêncio ao eco: autismo e clínica psicanalítica, publicado pela Edusp, a psicanalista Luciana Pires defende essa abordagem individualizada. Depois de mais de 10 anos de clínica dedicada ao tratamento de crianças autistas no Brasil e na Inglaterra, Pires concluiu que a relação do paciente com o analista é ponto de partida para que este crie condições de melhorar o desenvolvimento subjetivo e emocional da criança. “Por trás dos mesmos sintomas, temos posições subjetivas muito diferentes.

Essa compreensão orienta a ação do psicanalista na clínica do autismo”, explica ela.
 
Cérebro: aindada há dúvidadas

Se clinicamente o autismo é bastante conhecido e suas formas de tratamento já alcançaram relativo sucesso, os mecanismos pelos quais ele atua no cérebro ainda geram dúvidas.

Muitas hipóteses consideradas têm sido derrubadas por falta de comprovação. De maneira geral, a teoria mais aceita pela comunidade científica é que as mutações genéticas causam falhas de conexão entre as diferentes regiões cerebrais, o que geraria problemas em algumas estruturas, como o cerebelo, o hipotálamo (onde se sintetiza, por exemplo, a oxitocina) e o córtex.

Lazarev e Pontes, pesquisadores do Instituto Fernandes Figueira, têm utilizado a eletroencefalografia para sustentar a hipótese de que, em cérebros de pessoas portadoras de autismo, há alteração na assimetria funcional entre os hemisférios direito e esquerdo. De acordo com essa hipótese, o hemisfério direito do autista teria menor nível de ativação em comparação com a mesma região de pessoas sem o distúrbio.

Ao mesmo tempo, o hemisfério esquerdo teria o que eles chamam de hiperatividade, ou seja, hiperconectividade funcional entre as diferentes regiões desse hemisfério. A hiperatividade do hemisfério esquerdo seria, portanto, uma forma de ‘compensação’ da atividade relativamente baixa do lado direito.

“Há ainda quem pense, como o psicólogo inglês Baron--Cohen, que o cérebro autista seria hipermasculino, uma vez que ele tem o hemisfério esquerdo hiperativo”, explica Lazarev. Para entender a afirmação do neurofisiologista, é importante lembrar: enquanto o hemisfério direito é ligado  às emoções e às relações interpessoais, o lado esquerdo responde mais pela lógica e racionalidade. A hipótese de assimetria cerebral, portanto, converge com os principais sintomas das desordens do espectro autista.

Klin, da Universidade Yale, entretanto, tem uma visão diferente. “A hipótese de assimetria cerebral é antiga, e alguns pensam que ela simplifica o perfil neurofisiológico do autismo”, comenta. Para ele, uma hipótese mais provável é a da ‘conectividade atípica’, que é mais recente. Segundo ela, o cérebro de um portador de autismo apresenta hipoconectividade em conexões mais longas (como entre hemisférios) e hiperconectividade em conexões mais curtas – ou ‘locais’.

Para Lazarev e Pontes, o modelo comentado por Klin, e já definido por outros autores, não vai contra a sua hipótese.

“Esses resultados foram encontrados por meio de avaliação das oscilações bioelétricas do cérebro, que mede a conectividade de curta e longa distância entre as áreas cerebrais”, explica Pontes. “Logo, nossa hipótese está em sintonia com o modelo de conectividade atípica.”

Esses modelos, entretanto, não devem ser vistos como uma tentativa de explicar os mecanismos específicos do cérebro autista. “Essa hipótese é uma visão geral para entender os padrões de imagem do cérebro autista”, explica Klin, acrescentando que as últimas descobertas sobre a genética do autismo apontam, por exemplo, para a existência de moléculas de adesão celular que têm papel no aprendizado. “De qualquer forma, alterações cerebrais resultantes de hipóteses celulares ou moleculares ainda não foram suficientemente desenvolvidas”, resume Klin.
 
Sugestões para leitura

Françozo, e.; Lima, m. l. c.; Coelho o. b. ‘Brincando com a linguagem e criando sentidos, ou cognição distribuída e emergência da linguagem’.

Revista MultiCiência – edição ‘A mente humana’, n. 3, outubro de 2004. Disponível em http://www.multiciencia.unicamp.br/intro_03.html

Baronchelllli, A.; Felici, M.; Caglioti, E.; Loreto, V.; Steels, L. ‘Sharp transition towards shared vocabularies in multi-agent systems’. Journal of Statistical Mechanics. P06014 (2006) Disponível em http://arxiv.org/pdf/physics/0509075

Projeto Talking Heads (em inglês): http://talking-heads.csl.sony.fr/

Calor e Fogo, qual a relação?

Calor e Fogo, qual a relação?

Será que a construção de máquinas indica que já fizemos essa dominação? Pensando em termos de aplicações, é possível que alguém responda que sim. Mas e do ponto de vista da ciência? É suficiente encontrar uma aplicação? Mesmo as aplicações demandam conhecimento a cerca da natureza dos processos, o que se aplica inclusive no caso do calor.

O aperfeiçoamento das máquinas térmicas está, portanto, intimamente ligado aos conhecimentos científicos sobre a natureza do calor, desenvolvidos ao longo dos séculos XVII e XVIII, e as transformações econômicas e sociais da sociedade neste período.

Mas permanece a pergunta: o que é o calor?

De onde vem o fogo?

De onde vem o fogo?

Na Grécia Antiga, Heráclito (aproximadamente 500 a.C.) considerou o fogo como a substância fundamental do universo.
 
“Mas pode dizer-se que o fogo perde, na sua doutrina, todo o carácter corpóreo: é um princípio activo, inteligente e criador. ‘Este mundo, que é o mesmo para todos, não foi criado por qualquer dos deuses ou dos homens, mas foi sempre, é e será fogo eternamente vivo que com ordem regular se acende e com ordem regular se extingue’. A mudança é, por isso, uma saída do fogo ou um regresso ao fogo.

‘Todas as coisas se trocam pelo fogo e o fogo troca-se por todas, como o ouro se troca pelas mercadorias e as mercadorias pelo ouro”. (Diels . In: ABBAGNANO, 1999, p.33)
 
Já para Empédocles (490-430 a.C.), o fogo, juntamente com a água, o ar e a terra, era um dos quatro elementos que formavam o universo.

Aristóteles (384-322 a.C.) aceitava a teoria dos quatro elementos, acrescentando o éter. Para ele, o fogo busca o seu lugar natural: o céu e, por isso, sobe. Considerado um dos quatro elementos canônicos, o fogo agregava o quente e o seco.

Os gregos acreditavam que as substâncias inflamáveis continham o elemento fogo. Assim, durante a combustão, esse elemento era liberado.
 
A dominação do poder do fogo, por outro lado, também foi objeto de interesse dos renascentistas.

Muitos modelos foram propostos, baseados na utilização do vapor como fonte de potência mecânica.

O problema era o imenso poder do calor, perigoso de produzir e difícil de controlar. Um exemplo era a máquina térmica mais eficiente da época o canhão, que precisava de um cilindro de grossas paredes para conter a força produzida, usava uma substância caríssima, a pólvora, e funcionava intencionalmente ao contrário do que se esperaria de uma máquina térmica: a potência gerada era incontrolável e destrutiva – pelo menos do ponto de vista do inimigo. O imenso poder do fogo já era conhecido e admirado, mas precisava ser domado. (Quadros, 1996, p. 14)
 
Esse “domar“ o fogo, que neste caso pode ser traduzido por domar o calor, foi motivado especialmente por questões ligadas à mineração do carvão. A disseminação do uso de máquinas, nessa época, provocou grandes transformações sociais e tecnológicas, destaca-se, por exemplo, a substituição da energia humana e animal pela força dessas máquinas.

Ressalte-se, contudo, o uso do calor nesse processo.

Voltemos ao ato de “domar” o fogo ou o calor.

A idéia do fogo como um dos quatro elementos ainda estava presente no século das luzes, o século XVIII. Aceitando essa idéia, o químico George Ernest Stahl (1660-1734) elaborou uma teoria que explicava as reações químicas que ocorriam em presença do fogo. Para Stahl, uma espécie de espírito do fogo, o flogisto ou flogístico (do grego phlogistos, que significa queimando – ígneo, combustível), estava presente nas substâncias e era liberado quando essas eram aquecidas. O calor era então, juntamente com a luz, efeito  perceptível desse princípio do fogo.
 
Fonte: http://www.sxc.hu
 
O químico britânico Joseph Priestley (1733-1804), em 1774, aquecendo óxido de mercúrio, obteve um ar sem cor. Ele observou que esse ar tinha a propriedade de nutrir a chama de uma vela, fato já observado anteriormente por Robert Boyle (1627-1691) e Robert Hooke (1635-1703) no século anterior.

Ao deparar com o aumento do fogo na presença desse ar, Priestley chamou-o de ar deflogisticado, por acreditar que a ausência do flogisto no ar fazia com que certa quantidade de flogisto saísse com mais intensidade do fogo para ocupar o espaço vazio existente nesse ar. (Adaptado de: BRAGA, et.al., 2000) Agora, a partir da leitura acima, pense, discuta com seus colegas e responda: seria esse ar deflogisticado o mesmo ar da teoria dos quatro elementos? Justifique sua resposta.

Uma das maiores conquistas do homem foi a descoberta do fogo.

Uma das maiores conquistas do homem foi a descoberta do fogo.

Este que para muitas civilizações seria patrimônio dos deuses, ao ser descoberto, passa a ser utilizado pelo homem na alteração da matéria, em atos que vão desde o assar uma carne até o desenvolvimento de técnicas de fermentação, vitrificação e o manuseio de metais.

Calor, energia, trabalho...

O que essas palavras têm em comum?

PESQUISE

As serpentes conseguem perceber a radiação na freqüência do infravermelho.

Você já ouviu falar: “serpentes sentem o calor da presa”? Será esse o motivo de as serpentes localizarem suas presas com facilidade? Que estrutura do organismo da serpente possibilita essa percepção? Esse “calor” será algo emitido pelos seres vivos?

TERMODINÂMICA

Frio, calor, brisa, febre, inversão térmica...

O que estas palavras tem em comum?

Descrição clássica dos movi mentos : inércia e momentum

Descrição clássica dos movi mentos : inércia e momentum

 Marina de Lurdes Machado
 
 
“Com licença, este é o Instituto de Mecânica?” Alice perguntou, mais para puxar conversa. Pelo cartaz já sabia que era.

“Sim, minha cara”, disse o mais alto e impressionante dos dois. “Eu sou um Mecânico Clássico do Mundo Clássico, e estou visitando meu colega, aqui, que é um Mecânico Quântico. Qualquer que seja seu problema, tenho certeza de que um de nós poderá ajudá-la. É só esperar até que terminemos nossas jogadas.”

Ambos se viraram para a mesa de bilhar. O Mecânico Clássico mirou com cuidado, considerando as ínfimas partes de todos os ângulos envolvidos.

Finalmente, deu a tacada bem à vontade. A bola bateu e voltou numa impressionante série de ricochetes e acabou por entrar em colisão com a bola vermelha, que foi parar com precisão dentro de uma das caçapas. “Ai está”, exclamou com satisfação ao tirar a bola de dentro do buraco. “É assim que se faz, está vendo? Observação cuidadosa e exata, seguida de ação precisa. Procedendo assim, você obtém o resultado que escolher.”

Seu companheiro não respondeu, tomou seu lugar na mesa e fez um movimento vago com o seu taco. Após suas experiências anteriores, Alice não ficou surpresa ao ver a bola disparar em todas as direções ao mesmo tempo, e não havia lugar na mesa onde ela pudesse dizer com certeza que a bola não havia estado, embora não pudesse dizer igualmente onde a bola havia estado.

Após um intervalo, o jogador olhou dentro de uma das caçapas, enfiou a mão e tirou a bola vermelha.

“Se não se importa que eu faça uma observação”, disse Alice, “parece que você joga de forma muito diferente.”

“É isso mesmo”, respondeu o Mecânico Clássico. “Odeio quando ele dá tacadas desse jeito. Gosto que tudo seja feito com muito cuidado e precisão e que todos os detalhes sejam planejados antecipadamente. Contudo”, acrescentou, “imagino que você não tenha vindo aqui para nos ver jogar bilhar, por isso, pode nos dizer o que é que quer saber.”

Robert Gilmore
 
Alice está vivendo uma nova aventura, agora no País do Quantum. O que a intriga tanto?